Seletividade Alimentar: O Que É e Como Ajudar a Criança a Superar

A seletividade alimentar é uma condição comum em crianças, especialmente naquelas que estão no espectro autista (TEA). Caracteriza-se pela recusa em comer certos alimentos ou pela preferência por um número limitado de opções. Embora muitas crianças passem por fases de seletividade alimentar, para crianças com TEA, isso pode se tornar um desafio persistente, afetando tanto a nutrição quanto o bem-estar geral.

O Que É Seletividade Alimentar?

A seletividade alimentar ocorre quando a criança limita sua dieta a um número restrito de alimentos, geralmente baseando suas preferências em fatores como textura, cor, cheiro ou até mesmo a marca do alimento. Ao contrário de uma simples “fase”, a seletividade alimentar em crianças com TEA tende a ser mais rígida e pode perdurar por mais tempo, dificultando a introdução de novos alimentos na dieta.

Alguns comportamentos comuns incluem:

  • Recusa de alimentos com determinadas texturas ou cores.
  • Preferência por alimentos crocantes ou macios, rejeitando outros.
  • Rejeição de pratos onde os alimentos estejam misturados ou em contato uns com os outros.
  • Fixação em apenas alguns tipos de comida, como massas ou alimentos processados.

Seletividade Alimentar e o TEA

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) podem ser mais propensas à seletividade alimentar devido à hipersensibilidade sensorial. A aversão a determinadas texturas, cheiros ou sabores pode ser extremamente forte, tornando a alimentação uma experiência desconfortável para elas. Isso leva muitas vezes a um ciclo de repetição, onde a criança se restringe a comer sempre os mesmos alimentos, o que pode resultar em deficiências nutricionais.

Além disso, comportamentos repetitivos e a rigidez cognitiva também podem contribuir para a seletividade alimentar. Crianças com autismo podem se sentir mais confortáveis com a previsibilidade de alimentos conhecidos e se oporem fortemente a experimentar novos sabores ou texturas.

Como a Seletividade Alimentar Afeta a Nutrição?

Quando a seletividade alimentar é extrema, pode haver um impacto significativo na nutrição. A criança pode não estar recebendo todos os nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável, o que pode afetar seu crescimento, energia e bem-estar geral. Deficiências de vitaminas e minerais são comuns, especialmente quando a dieta da criança se limita a alimentos ricos em carboidratos ou processados, que podem não oferecer os nutrientes adequados.

Além dos efeitos físicos, a alimentação limitada pode causar estresse nas refeições em família, gerando tensão entre pais e filhos. Forçar a criança a comer alimentos que ela rejeita pode aumentar a ansiedade em torno da hora das refeições, reforçando o comportamento seletivo.

Abordagens Terapêuticas

Felizmente, há estratégias eficazes para ajudar as crianças com seletividade alimentar a expandir sua dieta de maneira gradual e positiva. O objetivo é tornar a hora das refeições uma experiência menos estressante e mais acessível para a criança. Algumas abordagens incluem:

  • Terapia ocupacional com enfoque em integração sensorial: Essa intervenção ajuda a criança a lidar com suas sensibilidades sensoriais, permitindo que ela se sinta mais confortável ao experimentar novas texturas e sabores.
  • ABA (Análise do Comportamento Aplicada): A terapia ABA pode ser usada para desenvolver estratégias comportamentais que incentivem a criança a experimentar novos alimentos de forma gradual. Reforços positivos, como recompensas, podem ser usados para aumentar a motivação da criança para provar novos sabores.
  • Exposição gradual a novos alimentos: Introduzir novos alimentos lentamente e de maneira positiva, sem pressões, pode ajudar a criança a se acostumar com a ideia de variar sua dieta. Inicialmente, o alimento pode ser colocado no prato sem a necessidade de ser consumido, apenas para exposição visual.
  • Incentivar a participação nas refeições: Permitir que a criança ajude no preparo dos alimentos pode aumentar o interesse pelos mesmos. Envolver a criança no processo de cozinhar ou montar o prato pode torná-la mais disposta a provar o que ajudou a preparar.

Dicas Para Pais

A paciência e o reforço positivo são fundamentais quando se trata de ajudar uma criança com seletividade alimentar. Algumas dicas incluem:

  • Evite forçar a criança a comer, pois isso pode aumentar a resistência.
  • Ofereça uma variedade de alimentos sem insistir em novos sabores de uma só vez.
  • Mantenha uma atitude calma e encorajadora durante as refeições.
  • Elogie pequenos progressos, como cheirar um novo alimento ou tocá-lo com as mãos.

Conclusão

A seletividade alimentar é um desafio comum entre crianças, especialmente aquelas no espectro autista, mas com a abordagem certa, é possível ajudar a expandir a dieta da criança e melhorar sua nutrição. Em caso de dúvidas ou preocupações, a equipe da Socialmentes está disponível para oferecer uma avaliação completa e sugerir as melhores intervenções. Agende uma consulta conosco e descubra como podemos ajudar.